Havia um enorme salão escondido dentro do apartamento de
Marco. Era impossível acreditar que um lugar como aquele caberia ali dentro. As
paredes eram revestidas de um material prateado, havia uma sala de comando e
alguns equipamentos espalhados.
—Vovô! Eu nunca imaginei que existisse um lugar desse no
seu apartamento! — diz Max surpreso.
— É uma herança do meu antigo local de trabalho. Eu criei
essa sala aqui porque sabia que esse dia chegaria. Começaremos o treinamento agora
mesmo!
— O quê? Eu pensei que só mostraria essa sala pra gente e
começaríamos isso só amanhã! —reclama Stephanie.
— Vocês estão totalmente recuperados por conta daquelas
ervas especiais. Sem elas, demorariam sete dias ou mais pra se recuperarem. Não
podemos desperdiçar nenhum segundo. O Dark4 está em um nível bem acima de vocês
e não estão brincando. Eles não descansarão até matar cada um de vocês.
— Aliás, eles nos disseram que eram os verdadeiros
herdeiros alfa. É verdade? — pergunta Karen.
—Nunca! Aquilo é algo que o maldito do Gerard colocou na
cabeça deles. Eles acham que vocês são uma ameaça porque querem roubar o
“título” que acreditam ser deles. Mas o Gerard sabe da verdade. Esse desafio
dele é pra definir tudo. Mas, deixando isso de lado, façam o seguinte. Coloquem essas pulseiras e concentrem todo o
poder de vocês. Eu irei até a cabine checar algumas coisas.
Os quatro então fazem o que Marco havia pedido e ele checa
algumas informações em seu computador. Aquelas pulseiras conseguiam medir o nível
de poder e classificá-los quanto à vários parâmetros. Marco então vai falar com
eles.
— Max, você é o que conseguiu controlar melhor o seu poder.
Luke, você precisa controlar mais a intensidade do seu. Eu constatei vários
picos divergentes.
— Picos o quê? Tch... Por acaso tá querendo insinuar que
esse idiota aqui é melhor? — pergunta Luke.
— Não estou dizendo isso. Só que precisamos treinar mais o
seu controle. Stephanie, eu notei que sua instabilidade emocional afeta o uso
dos seus poderes. Precisamos mudar isso. E Karen, você iremos trabalhar para
que você desenvolva mais as suas habilidades, certo?
— Certo... — responde a garota um pouco triste.
Marco explica que precisarão de preparo físico e dá um
tempo para que eles vestissem roupas apropriadas, criadas por ele. Quando todos estavam prontos, ele pede que
eles corram de forma moderada durante vinte minutos. Stephanie acha aquilo um
absurdo e diz que não faria. Luke e Max corriam com muita vontade. Parecia até que
estavam competindo um com o outro. Karen se esforçava como podia, mas logo
estava cansada. Marco senta ao lado de
Stephanie para conversar com ela.
— Eu não gosto de ficar correndo! Mas não quer dizer que
sou uma sedentária. Eu gosto de dançar. Faço até parte de um grupo de dança na
escola.
— É mesmo? Interessante... Bem, se você cooperar com o
treinamento direitinho, pode ser capaz de desenvolver a lendária ‘Dança da
Sakura do Vento’.
— O que é isso?
— É um poder especial que os herdeiros do vento conseguem
executar. O que acha?
— Não é como se eu estivesse tão interessada em ajudar
vocês, mas farei a minha parte pra aprender essa dança.
— Perfeito!
Eles continuaram fazendo mais alguns exercícios e Marco
encerra o treinamento. Max vai até seu avô e comenta algo.
— Vovô. Eu me decidi e quero desenvolver as minhas
habilidades baseadas em golpes.
Luke estava ouvindo tudo e rebate.
— Essa ideia é minha! Porque quer fazer o mesmo?
— Calma, calma. Vocês dois vão desenvolver golpes de
estilos diferentes.
Enquanto isso, Karen estava um pouco desanimada. Ela sabe
que precisaria desenvolver mais as suas habilidades. Sabrina não lidava apenas
com as plantas. Ela tinha dons que envolviam a própria terra e isso a deixava
pensativa. Marco então diz a todos para
irem pra casa descansar que no dia seguinte buscaria eles na frente da escola.
Quando estava sozinho, Marco sorri, pois já sabia que tipo de treinamento cada
um precisava.
Luke chega em casa e sua mãe nota que algumas partes da sua
roupa estavam sujas e rasgadas.
— O que aconteceu hein, Luke?
— Nada não... Só um acidente.
— Deve ser mais uma briga dele, não é? —pergunta Lays.
— Tch... Mulheres deveriam se preocupar com outras coisas,
não é? Olhem só pra essa casa. Não tá precisando de uma limpeza? — Luke diz
isso e sai correndo pro seu quarto.
— Ora seu machista! — diz a irmã.
Ele estava feliz de ver que a sua família estava bem e
imaginava como seria o treinamento. Ele não queria ser humilhado por Sato outra
vez.
Stephanie chega em sua casa e seus pais estavam preocupados
pelo horário que a filha estava chegando e por ver que suas roupas estavam
sujas. Ela diz que estava tudo bem e que iria descansar, pois no dia seguinte
iria sair novamente. A mãe dela, uma mulher muito bonita, loira de cabelos
curtos e vestida de um jeito bem descolado e elegante, comenta com o marido se
a filha já tinha arrumado um namorado. Ele diz que nem queria pensar sobre isso
e que o problema poderia ser outro.
A mãe de Karen a recebe em casa e nota que a garota estava
bem desanimada.
— O encontro não foi bom, querida?
— Ah... Foi sim! Só estou um pouco cansada, certo?
Dito isso, a garota sobe e vai tomar um banho.
Max chega em sua casa e entra ‘de fininho’. Porém, seu pai
estava na sala. O nome era Richard Cavallini. Ele era muito sério e trata Max
friamente, porém o questiona sobre algo.
— Soube que aquele seu avô já está na cidade — diz enquanto
lia um livro.
— Eu já sei disso faz um tempão.
— Já está andando com ele por aí? Você sabe que não gosto
disso! Ele não é uma boa influência pra você e espero que isso não afete as
suas notas da escola e seu comportamento.
— Certo, pai...
Dito isso, Max vai até o seu quarto e suspira. Mas resolve
não perder tempo pensando na sua péssima relação com seu pai e decide então
pesquisar alguns estilos de luta na internet.
“Os dias foram passando e o treinamento foi acontecendo. No
começo tivemos vários altos e baixos, mas íamos aprendendo e superando os
desafios. Aqueles poucos dias foram muito bons. Apesar de tudo, estávamos
convivendo mais uns com os outros. Meu avô estava feliz em ver que além dos
poderes, estávamos começando a desenvolver um ‘espírito de equipe’. Na escola, estranharam
o nosso desaparecimento. E mais, o quarteto Dark4 também havia desaparecido. Sam
enviava mensagens à Karen todos os dias, pois estava preocupada com a ausência
da amiga. Pierre me ligou perguntando onde eu estava também. Era triste não
poder dizer pra eles o que estávamos fazendo e que arriscaríamos nossas vidas.
Infelizmente existia a possibilidade de nunca mais os vermos caso não fóssemos
páreos para o Dark4.
Finalmente, o sexto dia de treinamento terminou e o vovô
disse que no dia seguinte faríamos o aperfeiçoamento das técnicas. Seria o dia
mais importante do nosso treinamento. Ele então nos recomendou ir à escola para
que não ficasse mais suspeito ainda e que passássemos um tempo com nosso amigos
após a aula. Iríamos nos encontrar à noite no apartamento dele. Acontece que nem
tudo saíria como o planejado... “
Nesse mesmo dia,
Karen e Luke vão embora juntos. No início, os dois estavam calados e Luke não
entendia o motivo daquele silêncio. Ele pensa em quebrar o gelo, porém Karen o
faz.
— Luke... Estou com um pouco de medo...
— Medo? Mas... Por quê?
— Estou com medo de não ser páreo para o Dark4. Eles são
bem fortes, e sinto que meus poderes precisam ser mais desenvolvidos. Não estou
conseguindo usar as técnicas direito ainda...
— Não se preocupe. Amanhã você vai terminar de
desenvolvê-los e está dando o melhor de si. Acredito em você. Todos nós
venceremos o Dark4 juntos, certo?
— Certo! — Karen sorri.
Luke fica envergonhado ao observá-la e quase tropeça na calçada. Os dois dão
risadas juntos. Que sensação agradável era aquela que ambos começavam a sentir
em seus corações? Karen já sabia o que era, porém Luke, ainda nem imaginava o
que podia ser.
No dia seguinte, todos faziam perguntas aos quatro, que
tinham que inventar motivos para o desaparecimento. Samantha conversa com Karen e diz que estava
muito preocupada.
— Ei, Sam... O que acha de uma volta depois da aula?
— Uma volta? Ah... Você quer sair? Claro! As coisas estão
sob controle no clube, então não vejo problema algum em sairmos. Vai ser
divertido!
Já era quase noite e as duas amigas se divertiam em algumas
lojas da cidade. Karen estava curtindo muito aquele momento e de repente tem
uma estranha sensação ao olhar para sua amiga. Seria aquela a última vez que
estaria vendo o sorriso dela? Era tudo muito estranho.
De repente, as duas notam que havia um grande alvoroço ali
por perto. Uma mulher que estava correndo desesperada esbarra em Karen e as duas
perguntam a ela o que estava acontecendo. A mulher diz que haviam invadido o maior
shopping da cidade e que por meio de mágica, criaram uma barreira. Karen e Sam
estavam próximas ao local. Até o exército estava lá, mas nada conseguiam fazer.
Os tanques eram completamente destruídos assim que tentavam ultrapassar a
barreira criada ao redor do shopping. Uma voz é ouvida das caixas de som
externas do local. Karen reconhece a voz. Era Gerard!
— Surpresa! Meus garotos estavam entediados e resolvemos
começar o jogo mais cedo. Espero que os nosso quatro convidados cheguem logo.
Caso não se apresentem em uma hora, todas as bombas que colocamos em vários
pontos da cidade explodirão e vocês serão caçados até a morte.
Próximo: Capítulo 23 – Atentado
ao Mall Diem
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