Luke e o garoto continuavam se encarando. Naquele exato
momento, tudo parecia apontar para o início de uma briga daquelas. O garoto
apenas expõe um sorriso sarcástico, segue adiante e se senta em uma mesa. Nela
já havia mais três pessoas. Eram Janet, Tony e a garota de cabelos verdes que
Karen havia visto mais cedo. O garoto de cabelo avermelhado se senta e diz:
— Eu me atrasei porque tive que passar na sala do coordenador
e do conselho. Tive que ouvir vários sermões. Já vou logo avisando que estou
sem saco pra outro!
— Ora, ora. Você foi um garoto tão levado assim, Sato?
—pergunta Janet.
— Esse cara já foi um dos maiores delinquentes juvenis
—responde a garota de cabelos esverdeados.
— Não fale coisas desnecessárias aqui, Sabrina. E aliás,
você tem uma ficha bem suja se eu não estou enganado —responde Sato.
— Será que dá pra fazerem menos barulho enquanto estamos
comendo? —pergunta Tony.
Aquela mesa era o centro das atenções. Afinal, era ali onde
se encontravam os quatro novos alunos. Luke não havia gostado nada da forma que
Sato havia olhado para ele.
— Sabia que conhecia esse cara de algum lugar...
— Mesmo? E o que sabe sobre ele? —pergunta Diego.
— Ele fazia parte de uma gangue da cidade vizinha. Estou
tentando me lembrar onde nos vimos.
— Acho melhor que seu cérebro continue não procurando saber
onde e você fique numa boa —diz Fernando.
Em outra mesa, estavam Samantha e Karen. Haviam dois
lugares vagos. De repente, surgem Max e Pierre.
— Karen, será que podemos nos sentar aqui? —pergunta Max.
— Sim. Tudo bem, Samantha?
— Sem problema algum. E já disse que pode me chamar de Sam.
É melhor e mais curto do que o meu nome completo.
— Vou aproveitar e me apresentar. Me chamo Max e esse aqui
é o Pierre. Nos conhecemos hoje depois da aula.
— E o detalhe é que éramos da mesma sala e esse cara
desligado nunca nem notou —responde Pierre.
— Max, você realmente é uma figura —diz Karen enquanto dava
algumas risadas.
— Pierre, você participa de algum clube? — pergunta Sam.
— Nenhum.
— E não tem interesse?
— Eu queria fundar o meu próprio clube, só que aqueles
chatos do conselho não permitiram.
— E sobre o que era? — pergunta Max.
— Bem... Era um clube de contos eróticos e hentai!
— Você é maluco? É por isso que recusaram logo de cara —
responde Sam enquanto ria.
— Você teve mesmo coragem de falar ao pessoal do conselho
com proposta e tudo? — pergunta Karen.
— Sim. E recebi um sermão de mais de meia hora do vice
presidente. Me pergunto se ele acredita que nenhum aluno veja esse tipo de
coisa...
— Eu não sabia que você curtia. Se quiser eu posso te
indicar alguns... — Max para e olha para o rosto de Karen e Sam — Bem, eu posso
te indicar um site onde você pode se curar disso, né? Que absurdo!
— Max, você também não gosta? —pergunta Pierre triste.
— Bem... Err...
— Sei! Está apenas disfarçando a sua proposta, não é? —
pergunta Sam enquanto ria.
— Não acha melhor
conversarmos depois sobre o “site da cura”? — pergunta Max.
— Aaaah... Entendi! Não se esqueça de me passar esse site,
pois quero consultá-lo ainda hoje!
Max e Pierre conversavam entre si por um momento e Sam e
Karen fazem o mesmo:
— Garotos... Esses dois são mesmo do tipo pervertido. Mas
parecem bem legais!
— É como dizem pra não julgar pela “casca”. O Max é um amor
de pessoa e muito bem humorado também. Eu me lembro que quando ia entrar na
sala do conselho pela primeira vez, foi ele quem passou lá e me disse algumas
palavras de força — diz Karen.
— Ora, ora. Então vocês dois já são tão próximos assim,
Karen? — pergunta Pierre.
Max e Karen ficam
envergonhados, mas logo todos na mesa caem na risada com a reação dos dois. Stephanie
observava a mesa deles. Uma das garotas do grupo percebe e comenta.
—Veja só. Aqueles ‘não populares’ excluídos se juntaram e
fizeram um grupinho. Tão ridículo quanto cada um ali, não é, Stephanie?
— Claro... Que ridículos — responde um pouco pensativa —
Apesar de tudo, eles parecem estar se divertindo juntos — pensa.
O horário de almoço estava quase acabando e todos já
estavam indo para as salas de aula. Samantha se despede dos três, que seguem
para a sua sala. Tony estava parado do lado da porta. Max e os outros param e o
garoto apenas olha.
— Tony...
— Max Cavallini... Então quer dizer que os boatos de que
você estava aqui eram realmente sérios...
— Sim. E quanto a você, decidiu se mudar definitivamente
para Carpe Diem?
— Quem sabe... — responde em um tom de incerteza — O que eu
sei é que assim como no Yamada... Eu jamais vou perder pra você aqui, seja no
que for — responde em um tom frio e calmo.
Dito isso, Tony entra na sala. Pierre e Karen estranham a
atitude do garoto e perguntam a Max o motivo dele ter falado daquela maneira.
Antes que ele pudesse explicar ,o professor chega e começa a aula.
Depois que a aula acabou, Karen caminhava até o clube de
jardinagem. Ela se depara com a garota estranha de cabelos verdes.
— Karen Mattos, não é?
— S-Sim. Quem é você?
— Sabrina Paella.
—Ah, bem vinda ao colégio. Tem interesse em entrar no
clube?
—Na verdade não. Mas... Não pude deixar de notar como você
é habilidosa com as plantas. Percebi hoje de manhã quando passei por você. Se
lembra?
— Sim. Eu lembro...
—Acho que aquele problema não foi nada pra você, não é?
— Problema... Você fala... — Karen se assusta — Será que
ela viu o que eu fiz? — pensa.
—Muito habilidosa com as mãos, certo? Só que você parece
ter mais domínio das plantas que da terra. Não será tão problemática quanto
pensei — sorri e sai.
Karen não entende o que ela quis dizer e entra para o clube
muito pensativa. Enquanto isso, Luke estava sentado na parte de trás do
colégio. Ele observava o pôr do sol e se levanta imediatamente ao ver que Sato
se aproxima dele.
—Luke Carvalho, não é?
—Sim. Algum problema? E você é?
— Sato. Você esteve naquele grande acerto de contas, não
foi?
— Você também estava lá, estou me lembrando agora.
— Claro... Na Fênix.
— Uma das gangues de jovens mais famosas das redondezas.
— Daquela vez a Fênix não estava contra você, mas saiba que
não faço mais parte dela.
—Isso por acaso é uma intimidação? Quer dizer que está a
fim de estar contra mim, nesse momento?
— Estamos próximos ao ambiente escolar e nesse exato
momento não estou interessado em fazer nada. Mas já te aviso que mais cedo ou
mais tarde iremos nos enfrentar. Cuidado para não esfriar tanto a sua cabeça,
porque se for necessário, eu darei um “empurrão” para que logo ela se esquente
e quem sabe, até torre, não é? —Sato segue seu caminho e não olha mais para
Luke.
— Esse cara... Ele é que espere pra ver o que vai acontecer
com ele. Mal posso esperar para “quebrar” essa sua cara de folgado. Meu sangue até
circula mais rápido só em imaginar te derrotando.
Max estava conversando com Pierre no pátio da escola. Eles
comentam sobre um par de ingressos que estavam nas mãos de Max. Karen passava
por ali e então Pierre se despede dele e lhe deseja boa sorte. Max fica
envergonhado e não sabia o que dizer.
—Oh Max. Desculpe a demora. Acabei me atrasando por que
depois do clube tive que entregar um envelope com aquela avaliação lá pro
conselho.
— Sim... Bem, eu... Aliás, ficou sabendo algo do Chad?
— Quando perguntei ao vice-presidente sobre, ele apenas
respondeu que o presidente estava em coma, mas que acreditava que logo ele
estaria de volta.
— Fico imaginando se aquele cara vai realmente voltar...
Ele parecia estar envolvido com gente barra pesada.
—É mesmo...
— Aliás, é sobre isso que eu deveria falar com você também.
Por isso marquei aqui depois da aula para nós quatro nos reunirmos.
— E o Luke e a Stephanie?
— O Luke disse que iria me bater se eu não saísse da frente
dele e a Stephanie se recusou a me ouvir. Bem, de qualquer forma, o meu avô me
enviou uma mensagem e disse que confirmou que um dos interessados no poder do
Elemento7 chegou aqui na cidade há pouco tempo e que ele com certeza já está
agindo. Ele pediu pra gente tomar muito cuidado até aqui na escola.
— Max, você acha que podemos sofrer algum ataquele como o
daquela vez?
— Sim. Por mais que o vovô tenha tentado me acalmar em
relação a isso, notei que ele anda muito preocupado desde que chegou aqui.
— Eu estou preocupada. Max, eu não sei lutar. Apesar de
querer me juntar a você para proteger essas chaves, não sei se serei útil. Sou
muito fraca...
— Karen — Max coloca uma mão no ombro da garota — Nós todos
somos especiais e se nos esforçarmos, acredito que possa dar certo.
— O-obrigada! —diz Karen
envergonhada e com um sorriso no rosto.
— Certo... Ah,
Karen. Quase me esqueci! Sabe aquela garota rica que chegou hoje na escola?
—Sei. Eu a vi hoje uma vez na hora do almoço.
— Pois é. Depois da aula, eu estava com o Pierre, e vi ela
esquecer seu lenço em um banco. Depois que eu corri atrás dela e entreguei, ela
me agradeceu e disse que o lenço era especial pra ela. Logo depois me deu esses
dois ingressos pra assistir um novo filme que vai sair no final de semana como
recompensa. Quer ir... comigo?
Karen fica paralisada por um momento. Ela nunca havia sido
convidada pra sair com um garoto. Ali perto haviam dois “espiões” que estavam
ouvindo toda a conversa desde o começo. Eram Stephanie e Luke. Ela estava
escondida atrás de uma árvore e Luke estava encostado no outro lado do muro. Os
três esperavam pela resposta de Karen, cada um em seu lugar.
Próximo: Capítulo 18 – Encontro Romântico?
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