A garota esperava a resposta de Karen e ao notar que ela
estava assustada, decide se apresentar.
— Me desculpe por não me apresentar e explicar as coisas.
Isso deve ter te deixado tensa. Eu me chamo Samantha Rivers e sou a presidente
do clube de jardinagem da escola. Eu notei que você sempre olhava para esse
local, passa aqui todos os dias e até cuida das plantas. Quer se juntar a nós?
— Então era isso? Ainda bem... Já estava achando que podia
ter algo relacionado com poderes —pensa Karen — Quero sim! Eu estava até
pensando em procurá-los algum tempo atrás.
— Então venha comigo! Vou te apresentar a nossa sala.
As duas conversaram por algumas horas e Karen percebe que
já estava tarde. Elas então marcam de almoçarem juntas no dia seguinte. Karen sente
algo bom enquanto caminhava.
No dia seguinte, Luke chega a escola e cumprimenta Diego e
Fernando. Eles pareciam um pouco espantados e então ele pergunta o que aconteceu.
– Cara, um novo aluno foi transferido para a escola – diz
Diego.
– E o que tem isso? – pergunta
Luke.
– Parece que alguns caras já o
conheciam e pelo que soubemos ele era de alguma gangue ou algo do tipo. Hoje já
tentaram intimidá-lo logo cedo aqui fora da escola – conta Fernando ainda
espantado.
– Até agora não entendi o motivo
do espanto de vocês dois.
– Acontece que todos os caras
que tentaram intimidá-lo, ficaram apavorados e mal conseguem falar. Ele os calou
apenas com o olhar!
Luke fica meio receoso com o que
havia acabado de ouvir. Que tipo de pessoa seria aquela que estava deixando todos
tão assustados?
– Quero saber quem é esse cara.
Vai ver nem é lá essas coisas e todos estão é exagerando.
– Já pensou se ele for parar na
nossa turma? – pergunta Diego.
– Isso não seria nada bom.
Conhecendo a sua fama, Luke, ele pode não querer ficar por baixo e querer te
enfrentar ou algo do tipo – diz Fernando.
– E eu com isso? Se ele “vier
para cima” será “bem recebido”!
Os três entram no pátio da
escola e observam que havia uma movimentação diferente do comum. Luke se
perguntava se era o tal do garoto transferido que poderia estar ocasionando
tudo isso, porém vê que não era. O motivo do alvoroço era uma bela garota de
longos cabelos lisos e prateados. Ela tinha os olhos tão claros e brilhantes
quanto seus cabelos e parecia muito calma e elegante. Tinha um par de seios do
tamanho médio pra grande. Pelos comentários, ela era de uma família muito rica.
Seu nome era Janet DuPont.
– Que garota bonita! Ela deve
ser transferida também. Olha só que peitos bonitos, meu! – comenta Diego.
– Mais um? Bem, como é mulher,
não faz mal e de fato, são mesmo! – comenta Luke.
—Mas os da Karen são melhores,
não é? —pergunta Fernando com um sorriso no rosto.
—O quê? Porque tem que citar a
Karen agora? —pergunta Luke — É, os dela são maiores mesmo —pensa.
—Só brincando. Não precisa ficar
com ciúmes da sua nova paixão.
— Vocês dois calados às vezes é
bem melhor, sabiam?
Stephanie estava ali por perto,
com seu habitual grupo de amigas e não aparentava estar muito satisfeita com os
comentários a respeito da garota que estava chamando atenção. Janet olha
diretamente para ela e sorri. Stephanie tem uma sensação esquisita e sai dali.
Luke finalmente chega à sala de
aula e sente um forte impacto de alguém esbarrando nele. Os dois caem. Era Max.
– Desculpe! Eu estava saindo
meio apressado e não vi que alguém estava entrando.
– Eu já disse para olhar por
onde anda, lesado! Da próxima eu te presentearei com um belo soco no meio da
sua cara – responde Luke um pouco irritado — Você me dá nos nervos.
– Calma, calma. Está muito cedo
para ficar estressado. Me disseram uma vez que nós homens temos que nos
“aliviar” um pouco — fecha o punho e agita— pela manhã ou à noite, pra não
ficar desse jeito – diz Max com uma certa inocência até.
Fernando segura uma risada. Luke
não gosta do que Max disse e rebate:
—Acha que eu sou um moleque na
puberdade igual a você? Já estou no mundo adulto. Quem precisa disso é você,
que só vivia rodeado de machos o tempo inteiro.
—Oh... Essa foi boa! Eu tenho
que ir ali agora, mas depois a gente se fala —diz Max, se despedindo e saindo.
—E quem disse que a gente é
amigo pra ficar se falando depois daqui?
– Que garoto folgado! Ainda acho
que você alivia demais pro lado dele, Luke – comenta Diego — Por quê?
– Bem... Eu... Não vou perder tempo com esse
cara.
– Ele só esbarrou em você por
acidente. Não joga lenha na fogueira também, Diego – repreende Fernando — Ele
aparenta manjar de uns papos interessantes até.
— Pervertidos reconhecem
pervertidos — diz Diego.
Enquanto isso, Karen estava terminando
de regar algumas plantas. Era seu primeiro dia oficialmente no clube. Ela
percebe que ainda tinha alguns minutos antes da aula começar. Samantha diz que ia
guardar alguns equipamentos dentro da sala do clube e a veria no almoço. Karen então
fica sozinha. De repente ela ouve alguém, que passava por ali perto:
– Plantas inofensivas... Assim
como a terra dá vida à elas, é ela quem as castiga em seu momento de fúria.
Karen havia sentido uma presença
estranha e vira para ver quem estava ali. Era uma garota. Ela tinha os cabelos
esverdeados e curtos. Karen a observava um pouco assustada. A garota então vira
seu rosto rapidamente e sorri de uma forma estranha. Ao olhar para as plantas
que faltavam ser regadas, vê que algumas haviam morrido misteriosamente. Karen
cura as plantas rapidamente e volta para sala. Ela ainda estava um pouco aflita
ao lembrar-se daquela misteriosa garota que passou por ela.
O professor entra na sala e comenta que eles teriam um novo
colega. Todos ficam em silêncio. Alguns estavam aflitos, imaginando se poderia
ser aquele tal garoto que havia calado os outros apenas com o olhar. O
professor então pede a ele que entre. Contrariando as expectativas, era outra
pessoa. Ele parecia bem quieto. Usava óculos e um casaco com capuz por cima da
camisa de baixo. Ele não esboçava muitas reações e permanece com as mãos dentro
dos bolsos.
– Turma, este é Tony Stewart,
ele veio transferido do colégio Yamada, o mesmo do Max, e estará conosco agora. Seja Bem Vindo e pode
escolher um lugar para se sentar.
Tony caminha lentamente a
procura de um lugar vazio. Ele passa ao lado de Max e os dois se olham
rapidamente. Tony logo desvia o olhar e se senta. Max sabia quem ele era e
estava surpreso em vê-lo naquela escola. Durante toda aula, Tony parecia
observar Max. Provavelmente ele também estava se lembrando dele. O professor
faz algumas perguntas de Matemática aos alunos. Alguns erravam ou não sabiam,
outros acertavam e assim por diante. Porém, para responder a essas perguntas,
era necessário fazer alguns cálculos usando lápis e papel. Ele então decide
perguntar ao novo aluno e a pergunta sorteada acaba sendo uma de nível difícil.
Luke imagina que ele provavelmente não iria acertar aquela. Tony dá a resposta
exata em apenas três segundos, sem nem tocar no lápis:
– A letra ‘a’ é Três quartos de
pi. E a letra ‘b’ é três vezes a raiz de vinte um.
–
Uau! Sua resposta está completamente certa! – comenta o professor.
Os alunos ficam impressionados.
Alguns se arriscam de ir conversar com Tony após a aula. Ele trata todos com
frieza e responde apenas o necessário. Karen se aproxima e se apresenta como
representante. O garoto não diz muitas palavras e recusa dar uma volta pela
escola. Samantha aparece na porta e
chama Karen. Ela pede licença e sai.
— Esse cara é incrível! Não há dúvidas de que é Tony
Stewart! — diz um garoto que se sentava ao lado de Max e Karen, meio que puxando assunto com ele — Ei, você conhece esse novato?
— Acredito que sim. Tony. Era
sempre o primeiro da turma dele e em todos os simulados do Yamada. Era
conhecido como o garoto ‘TOP’ da escola – diz Max.
– E o que esse cara veio fazer
aqui, numa escola de nível mais baixo?
— Eu não sei. Mas acredito que ele deva ter um bom
motivo.
—Você também entrou faz pouco
tempo, não é? Acho que nunca conversamos. Meu nome é Pierre! Tá indo almoçar
agora?
—Estou sim! E você?
—Eu estava me decidindo aqui. É
tão chato ir almoçar sozinho.
— Também acho. Se quiser, pode
vir comigo. Também estou sozinho.
— Topo! — responde Pierre com um
sorriso no rosto.
Stephanie e suas amigas já estavam se servindo no
restaurante da escola. De repente, Janet se aproxima e pede licença de uma
forma exageradamente educada. Ela se servia e manuseava tudo de forma
fantástica.
– Você é tão elegante! – comenta uma das
garotas.
– Oh, são apenas regras de
etiqueta que aprendi com meus pais. Nada demais.
Depois de colocar seu almoço,
ela pede licença e se retira. De repente começa a ventar no local e o lenço que
Janet carregava acaba voando para perto de Stephanie, que o segura.
– Ora, ora. O vento e o destino
são tão parecidos. Alguns acreditam que ambos são pré-determinados. Porém veja
bem como eles podem nos pregar peças – diz Janet enquanto sorria.
Stephanie entrega o lenço a ela.
Janet agradece e vai embora.
– O que essa garota quis dizer
com isso? – imagina.
O restaurante ainda estava bem
movimentado e barulhento. De repente, é tomado pelo silêncio. Um garoto,
segurando seu prato, parecia estar procurando um lugar para se sentar. Ele
tinha os cabelos avermelhados, longos e amarrados. Ele tinha estatura média. O
seu olhar não era muito amigável. Alguns cochichos surgem em todas as mesas.
Diego e Fernando cutucam Luke. Era o tal garoto que tanto falavam. Ele para em
frente à mesa dele por um instante e os dois se encaram com olhares nada
amigáveis.
Próximo: Capítulo 17 – Conversa e Convite
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