sábado, 28 de abril de 2012

Capítulo 8 - Memórias


Luke demonstra total descontentamento ao ver Max caído por cima de Karen. Ele percebe que os dois estavam muito encostados. A sua primeira reação é tossir e perguntar:

– Está se aproveitando da garota dentro da escola, aluno transferido?
—Err... Isso é um mal entendido! — diz Max que se levanta e ajuda Karen a fazer o mesmo — Eu apenas tropecei e caí. Não tem o porquê você fazer essa cara de que ficou com ciúmes ou algo do tipo.
                — O que você está dizendo? Karen, eu só estou dizendo isso porque você é uma garota muito pura. Não caia na desse transferido do ‘colégio de machos metidos’ que só deve estar querendo se aproveitar de você! Afinal, ficou tanto tempo sem conviver diariamente com garotas. Deve estar doido pra fazer a festa aqui, não é mesmo? Cansado de ficar só na mão e imaginando... Não é? – perguntava Luke com tom de deboche.


                – Na mão e imaginando? – Max pensa por um instante, acha engraçado e ri um pouco – Mas falando sério agora, qual o problema em elogiar? Eu achei as garotas dessa escola muito bonitas mesmo, foi isso que eu te disse dentro do banheiro. E além de gentil a Karen realmente é...
                – Tch... Não perderei meu tempo com você! Só reforçando o que já te disse... Não fique no meu caminho outra vez seu folgado!

                Luke sai imediatamente. Stephanie estava encostada na parede da entrada do banheiro feminino que era bem próximo dali. Era possível ouvir o que eles falavam. Ela então pensou:

                — O que esse garoto está fazendo? Ele não gostava de mim e agora já está de olho nas outras garotas da escola? E o que esse idiota do delinquente está dizendo? Ele é o primeiro a se aproveitar de todas que pode.

Nesse momento Karen fica com o rosto totalmente corado. Max fica um pouco envergonhado com as insinuações de Luke e então pede desculpas à garota pelo mal entendido que ele a fez passar.

– Sem problemas. Acho que talvez o Luke tenha ficado um pouco preocupado em nos ver naquela situação.
– Mais uma vez me desculpe. Eu não te trarei mais problemas. Eu só queria te perguntar algo, mas prefiro que seja depois. Até mais Karen!
– Mas... Até! – responde Karen sem entender.

Max continuava caminhando por aquele corredor. Ele para pra observar em uma das grandes janelas e consegue ver a piscina. Algumas memórias vieram a sua cabeça nesse momento.
               
                 “Há seis anos, no verão, Max ficava muito triste ao ir pra escola. Ele não se sentia bem e estava sozinho. Todos os seus amigos não estudavam mais na mesma escola há um bom tempo e ele não conseguia se entrosar com os outros. No dia anterior todos riram porque ele havia se atrapalhado na aula de educação física. Ao entrar na escola, ele se depara com uma garota de outra turma que admirava bastante. Era a famosa e popular Stephanie. Ela estava sempre cercada de pessoas e vários garotos eram apaixonados por ela. Max sentia-se inferior a todos. Ele havia sido rejeitado quando contou a respeito dos seus sentimentos para aquela garota ‘tão especial’. Nesse dia, eles teriam aula de natação e Max já pensava como poderia não ser tão bom como sempre. Ele então decide passar na piscina para dar uma olhada antes da aula começar. Max toca na água e tem uma sensação muito boa. Ele senta na borda da piscina e a observa. De repente um dos garotos de sua sala vê que ele estava ali e grita:

                — O que está fazendo? Você vai se afogar se entrar aí! – grita o garoto com tom de deboche.

                Max leva um susto e cai dentro da piscina. O garoto se desespera e corre para chamar um professor. Max não sabia nadar então começa a se sentir levado ao fundo da piscina. Ele observa tudo ao seu redor e sentia-se calmo. Ele não entendia o que estava acontecendo, mas não estava de fato desesperado, mesmo se afogando. Ele então sente um forte impulso ao seu redor e é jogado para fora da piscina. Ao acordar, na enfermaria, ele pergunta à enfermeira o que houve. Ela diz que um aluno chamou o professor responsável pela piscina e disse que ele estava se afogando, mas que quando chegaram lá, ele estava deitado e desmaiado fora da piscina e bem. Naquele mesmo dia, a mãe dele foi buscá-lo na escola. Ela sorria e demonstrava estar muito feliz por ele estar vivo. O pai dele sequer havia aparecido ou comentado muito a respeito disso.

                Max continuou poucos dias em Carpe Diem, até que um fato muito triste aconteceu em sua vida e ele se mudou. Semanas depois, ele já estava em outra cidade e em uma escola só para garotos e não parecia muito satisfeito com isso, principalmente pelo vácuo deixado em seu coração pela pessoa especial que tinha perdido, a sua querida mãe. "

                Depois de lembrar um pouco do passado, Max suspira e quando olha para o lado vê Stephanie. Ele se assusta e os dois se olham fixamente. Max então resolve dizer algo:

– Depois de seis anos... Você realmente mudou um pouco fisicamente.

Stephanie não olha muito pra ele e o desdenha.

– Eu sei que você talvez não goste muito de mim, mas vamos ao menos ter a educação de nos falar como colegas de classe – diz Max.
– Se eu não sentir necessidade de falar com você, porque eu faria isso? Você sabe muito bem quem eu sou não é? Coloque-se no seu lugar. Aliás, porque voltou para essa escola?
–Vejo que esse seu jeito agressivo não mudou mesmo – Max ri um pouco – E acredito que o motivo de eu ter voltado pra cá não vá te interessar muito.
–E você, acha que só porque parece um pouco diferente vai ser alguém aqui? Realmente não me interessa e lembre-se que pra mim você será o mesmo Max apagado que eu rejeitei há alguns anos atrás!

Max sentia algo dentro de si ao ouvir aquilo. Era como se a última folha da esperança caísse e aquela árvore estivesse sem nada nesse momento. Ele não acreditava ter um dia gostado de uma garota como aquela. Só que ele não era mais como antes e não iria ficar calado como fazia há anos atrás.

– Que seja. Eu realmente não entendo o que vi em você. Não entendo o que todos vêem. Afinal, você no fundo é só alguém que adora quando o próprio ego é aumentado e que se diverte em pisar naqueles que demonstram algum sentimento por você. A verdade é que estou em uma nova vida agora. Se algum dia precisarmos trabalhar em equipe, espero que não deixemos essa nossa relação antiga interferir, ok? Apesar de tudo, eu irei agir normalmente com você. No mais, até logo! – diz Max esboçando um sorriso e um olhar despreocupado enquanto caminhava e ia embora, deixando Stephanie parada e irritada.

– O que ele quis dizer com “trabalhar em equipe” e agir normalmente? E porque esse garoto... Como ele teve coragem de me responder assim? Ele nunca fez isso antes!

Embora estivesse irritada, Stephanie não conseguia se mover e nem dizer mais palavra alguma. Ela ficou apenas estática naquele corredor, observando Max ir embora. Uma pequena lágrima escorre rapidamente no rosto dele. Desejava que aquela fosse à última derramada por ela e por aquele motivo. Logo depois, o garoto esboça um discreto sorriso.

Próximo: Capítulo 9 – Conselho Estudantil

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