Eram seis e meia da manhã. É possível ver um quarto muito
bonito, arrumado e decorado. A sua dona ainda dormia tranquilamente, mas é
despertada por uma música de uma cantora muito famosa. Era o alarme de seu
celular. Ela logo se levanta e abre as janelas do local. Era Stephanie. A
garota tira toda a sua roupa e vai até o banheiro. Ela liga o chuveiro e fecha
os olhos enquanto sentia a água percorrer seu corpo. Logo percebe que havia
molhado seu cabelo. Para uma garota isso poderia ser terrível, já que teria que
secá-lo e isso demoraria. Ela então não
se preocupa e o lava completamente. Logo que sai do banho, coloca um roupão de
seda cor de rosa e que parecia caro.
— É hora de me secar realmente.
Como num passe de mágica, começa a ventar em volta de
Stephanie. Os seus cabelos se moviam em uma harmonia incrível e ela parecia
relaxada. Em poucos segundos, estava completamente seca.
Ela então se veste, arruma suas coisas e desce as escadas. Morava
em uma grande casa e havia uma mulher a esperando. Parecia ser alguém que trabalhava lá.
— Bom dia, senhorita!
— Bom dia!
Stephanie toma seu café da manhã e percebe que seus pais já
haviam ido trabalhar. Ela teria que ir de metrô. Stephanie então se despede da
mulher e caminha lentamente pelas ruas. A brisa do vento a deixava tranquila.
Ao chegar à estação do metrô ela nota um garoto que estava
sentado. Os dois se olham enquanto o trem do outro lado saía. Ficaram assim por
alguns segundos até que Stephanie volta a olhar para os trilhos. O trem chega.
Stephanie entra e o garoto logo depois. Ela fica curiosa por ver um garoto da
sua mesma idade provavelmente, sem estar usando um uniforme escolar àquela
hora. Ao observá-lo melhor, ela tem a estranha sensação de que já havia o visto
antes, porém não pensa muito nisso.
Na escola, todos são surpreendidos com a eleição para
representante de classe. O professor da turma diz algumas coisas e gostaria que
fizessem indicações ou pessoas interessadas se manifestassem. Stephanie logo levanta
a sua mão. O professor então escreve o nome dela no quadro. Ninguém mais se
manifesta. Um dos garotos do grupo de Luke o cutuca e diz:
— Que tal tentar ser representante da classe?
— Eu? Você está louco? Não estou afim dessas
responsabilidades e sem contar que é um saco ter que ficar fazendo aquelas coisas
e indo pra reuniões chatas!
O professor então comenta que gostaria que algum novato se
candidatasse. Alguns estranham essa proposta. Naquela sala, apenas Karen era
novata. Ela fica surpresa no momento em que todos a observam.
— Karen, você gostaria de concorrer? – pergunta o
professor.
A turma continuava olhando fixamente para ela, esperando
uma resposta. Karen pensa em recusar, porém se lembra que sempre quis ter
coragem de se candidatar à representante de classe, mas deixou todas as
oportunidades escaparem. Ela então aceita a proposta. As colegas de Stephanie
debocham e dizem que ela não terá chance alguma. Stephanie vai a frente e fica
ao lado de Karen. Ela tinha certeza de que iria vencer a disputa. Karen não
estava tão confiante ao ver sua concorrente.
O professor então pede as duas que digam o que querem fazer
como representante de classe. Stephanie
fala primeiro:
– Eu quero levar nossa turma ao topo! Seremos os melhores
de toda a escola, organizaremos boas viagens e manteremos a ordem aqui!
Chega a vez de Karen. Ela mal conseguia dizer algo ao ver
todas aquelas pessoas, porém, se esforça ao máximo:
– Eu... É... Eu... Gostaria de ajudar a manter a classe
unida em todos os momentos para que... Possamos vencer todos os desafios e o
dia a dia escolar... Todos juntos!
O professor agradece a palavra de cada uma e faz os
preparativos para a votação. Enquanto isso, um burburinho surgia pela sala. Os
alunos estavam pensando em quem votar. Mesmo com a popularidade de Stephanie,
algumas pessoas não queriam votar nela, pois acharam as palavras de Karen bem
melhores. Luke então se vira ao seu grupo e diz:
– Galera! Vamos todos votar na Karen!
— Mas e a Stephanie? Ela é tão popular e bonita! Essa
novata nem é lá essas coisas! Queremos uma representante nesse nível — diz um
deles.
– Observe bem seu otário. Ela tem uns peitos dignos
até! – comenta outro.
— Que bom que alguém observou isso também... Digo... Essa
Stephanie é uma chata como representante! Esqueceram do que ela fazia ano
passado? Ela se achava a dona da verdade. A Karen parece uma garota responsável
e que irá representar bem nossa turma. Deveríamos dar uma chance a ela — diz
Luke.
Algumas pessoas ouvem o que ele havia dito e ficam
pensativas. Stephanie fica irritada ao ver que Luke estava apoiando sua rival.
– Quem esse delinquente pensa que é? Está arrumando público
pra essa garota? Mas não vou ficar preocupada, afinal, é óbvio que quem vai
ganhar sou eu! – pensa Stephanie.
Ele entrega papéis a todos e pedem para que depositem em
uma urna que estava na mesa dele. O
clima fica tenso e as garotas do grupo de Stephanie diziam para ela para
comemorar a vitória que já seria dela. O professor faz a contagem de votos e
então diz:
— Foi uma disputa muito boa. Stephanie recebeu 16 votos e
Karen recebeu 17! Portanto, Karen será a nova representante.
A maioria da sala aplaude. Stephanie fica indignada por ter
perdido e não esconde isso. Ela sente
como se tivesse sido derrotada em uma batalha.
– Eu... Perdi? Impossível, impossível! – diz a garota
indignada.
Karen fica muito envergonhada e um pouco feliz. Ela olha
para Luke. Ele faz um gesto positivo e a parabeniza. Karen sorri e diz algumas
palavras á toda turma, agradecendo e diz que tentaria fazer o melhor. Enquanto
isso, Stephanie sentava completamente chocada em seu lugar e as garotas
tentavam consolá-la.
– Você só não ganhou por causa de um voto, amiga! Essa
garotinha ridícula nunca chegará aos seus pés e venceu por sorte. Acho que as
pessoas quiseram dar uma chance pra ela por estarem com pena.
– Eu não sei como isso aconteceu, mas quero falar umas
poucas e boas pra ela! Não vou deixar que se sinta a rainha dessa sala! – responde
Stephanie.
Depois do almoço, Karen vai passear pelos jardins e
Stephanie estava vindo em sua direção. Ela se aproxima com um olhar muito
irritado e diz:
— Querida, você pode ter ganhado de mim dessa vez, mas não
vai se dar bem numa próxima! Você tem muita sorte por ter conseguido apoio
daquele delinquente da nossa sala. Se não fosse ele, você teria tido uma
derrota que te faria nunca mais querer se candidatar a algo em toda a sua vida!
— Eu realmente tenho que agradecê-lo. Mas você também foi
bem. Eu só ganhei por um voto e você será a vice–
– Você acha que votaram em você por algum motivo em
especial? Olhe para si mesma! Acho que todos ficaram foi com pena, isso sim!
– Pena? Bem... Eu realmente não sei o que dizer... Eu não sou tão bonita e nem popular quanto
você, mas–
— E não é mesmo! E sabe de uma coisa? Eu prefiro não ouvir
mais nada! Poupe-me dos seus comentários! Veremos se vai aguentar esse cargo ou
vai desistir logo no primeiro desafio.
Faça bom proveito dele!
Stephanie vai embora irritada, pois nunca havia perdido uma
disputa sequer na sua vida. Ela então vai até o andar mais alto da escola e
fica pensativa. De repente uma rápida lembrança sobre um estranho acontecimento
do passado surge em sua mente:
“Foi naquele dia, no outono, quando eu tinha apenas 10 anos. Eu estava
sentada sozinha olhando todas aquelas folhas caindo e se acumulando no quintal.
Ventava um pouco nesse dia e eu me sentia bem, me sentia viva. Sempre que
ventava eu me sentia nas nuvens. Foi quando eu resolvi brincar nas folhas e
senti uma ventania bem mais forte do que o normal. Surpresa eu fiquei ao
descobrir que ela estava sendo criada por mim. Todas as folhas giravam ao meu
redor como se fosse mágica. Eu estava maravilhada com aquele lindo espetáculo.
Meus pais viram tudo aquilo e pareciam sorrir na minha frente, principalmente
meu pai. Ele parecia comentar algo com a minha mãe e eu não me recordo o que
era.”
– Eu tenho dons especiais desde pequena. Posso controlar o
vento e sempre escondi isso de todos. O que seria da minha reputação se
soubessem disso? Mas – Stephanie respira fundo e diz em um tom alto para si
mesma – Você é muito melhor do que aquela garota ridícula e sem sal. Não se
rebaixe e seja a melhor vice-presidente de todos os tempos! Mostre que é
superior e com classe! Você é linda, maravilhosa e habilidosa. Força, garota! Vou
fazê-la sentir tanta pressão que vai desistir do cargo e passá-lo para mim.
Espere e verá!
Uma pessoa estava a observando e ouvindo tudo. Era aquela
mesma que estava no armazém e no bosque. Ela sorri enquanto vê a garota ir
embora e comenta algo pela primeira vez:
– Então é isso mesmo? Ingênua...
Na manhã seguinte, o garoto que Stephanie havia visto na
estação, passava em frente à escola e a observa. Dessa vez ele estava vestindo o
uniforme da escola e então diz:
— Colégio Valle Diem... E aqui
vamos nós mais uma vez!
Próximo: Capítulo 7 – Max
Cavallini
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