quinta-feira, 12 de abril de 2012

Capítulo 5 – O chamado da natureza


Karen estava com o rosto cheio de lágrimas e não conseguia dizer nada. O homem começa a se aproximar dela.

— Você viu o que eu estava fazendo, não viu?
— Não, eu não vi nada – responde Karen, muito nervosa e amedrontada.
— Com certeza está mentindo. Porque está chorando e tremendo de medo, então?
– Não é nada. Eu só estava passando por aqui e estava muito triste e –
 – Triste? Comece a ficar assim agora se pensa que eu vou deixá-la sair daqui, afinal você sabe o meu segredo!
— Mas eu não vi nada! Por favor, me deixe ir embora agora e nem comento que encontrei o senhor aqui dentro.
— Acha que eu nasci ontem, garota estúpida? Com certeza você vai direto numa delegacia!
— Eu prometo que não irei! É sério!
— É uma pena eu não confiar em ninguém — fala isso enquanto começa a se aproximar mais ainda de Karen.





     A reação dela foi começar a correr sem parar. O homem a perseguia e não demonstrava cansaço. Ela não entendia o motivo de tudo aquilo, pois de fato não havia visto o que ele retirava daquele buraco na terra.

— Eu irei acabar com você, garota!

O homem começa a jogar pedras em Karen enquanto corria atrás dela. Mesmo sendo machucada aos poucos, ela ainda corria sem parar.

Enquanto isso, Luke caminhava de volta a sua casa e pensava. De repente ele escuta um barulho vindo do bosque. Ele acha estranho e pensa se podia ter sido apenas um animal. Ele se concentra e consegue ouvir gritos de socorro um pouco longe dali. E a voz era de uma garota.

                — O que será que está acontecendo ali? — se pergunta e entra no bosque.

                Mais a frente, Karen continuava fugindo do homem. Ele continuava jogando pedras e até galhos nela. Karen conhecia alguns atalhos naquele bosque e rapidamente segue para outro lado. Ela se esconde atrás de um tronco de uma árvore bem grande e percebe que o homem não estava mais por perto. Karen respira aliviada e tenta descobrir uma forma de seguir por um caminho em que ela pudesse sair sem que se deparasse com ele. Sem sucesso ela decide esperar um pouco.

                Nesse momento, ela começa a pensar um pouco e lembra de alguns fatos do passado.
                “Em um final de tarde chuvoso, Karen estava sozinha nos corredores da escola. Uma escola do ensino fundamental. Ela aparentava ter por volta dos seus 10 anos de idade. Todos da sua classe haviam ido embora. Por ficar na escola e ser seu dia como responsável pela limpeza da sala, Karen ficou até mais tarde até que começou a chover. Terminado o trabalho, ela não havia ido embora e se senta no corredor. Uma lágrima percorre sua face. Ela gostaria de ter amizades, mas as pessoas só a procuravam por interesse. Todos tinham inveja do seu destaque escolar e a criticavam.“

                — Porque eu tenho que me lembrar de momentos tão triste justo agora? — se pergunta.

                Nesse momento ela lembra de que algo mais aconteceu naquele dia em que estava sozinha na escola.
                “Karen então decide procurar seu guarda-chuva e ir embora. Ela não queria pedir para seu pai ir buscá-la para que ele não se preocupasse ao vê-la chorando. Karen então vê uma porta de uma sala aberta e vai fechá-la,mas para na porta. Algo dentro daquele lugar a chamava atenção. Um pequeno vaso perto da janela continha uma planta que estava praticamente morta. Ela então se aproxima do vaso e fica triste ao ver a planta naquele estado. Ela então sente algo estranho e coloca as mãos sobre a planta. Poucos segundos depois e ela começa a esverdear e esbanjar vida. Karen fica impressionada com o que havia feito. Um homem bate na porta. Ela se vira e abre um sorriso. Era o seu pai. Ela então corre e o abraça.”
                — Desde então eu vejo que sempre tive uma ligação com as plantas. Talvez só elas e meus pais tenham sido meus amigos até hoje. Talvez eu devesse agradecer pela amizade e amor deles ao menos— pensava ela.
                De repente o homem surge em sua frente e a puxa. Ele segura seus braços e Karen fica desesperada. Ela tenta pedir ajudar, mas o homem tapa a boca dela com as mãos dele.

                — Prepare-se para o seu fim! Uma garota bonitinha até. Parece ser bem inteligente, mas cometeu um erro ao se deparar com um foragido. Agora que consegui te pegar, posso dizer o que eu estava à polícia — diz isso enquanto retira uma faca do bolso.

                Karen se apavora e então fecha os olhos e se concentra. O cheiro das árvores, a brisa, a terra. Ela sentia uma forte ligação com aquele lugar. No momento de desespero ela sente como se algo estivesse a chamando. Era a natureza! Karen abre os olhos e grita por ajuda.  Uma enorme planta começa a nascer da terra. O bandido fica totalmente assustado e solta a garota. Ela faz um gesto com as mãos e os cipós da planta prendem o homem. Ele fica desesperado e pede pra soltá-lo. Os cipós começam a apertá-lo.
                — Me solte daqui! Eu prometo deixá-la ir! Afinal, o que você é? Uma bruxa! Me tire daqui! — gritava o homem em desespero.
                —A natureza irá puni-lo agora e te soltará quando for necessário.

                Dito isso, Karen corre para bem longe dali.  Luke estava dentro do bosque. Pouco tempo depois ele passa por ali e vê o homem preso e desmaiado. Foi possível ver Karen correndo bem longe e então vai atrás dela. Ao sair do bosque Luke a perde de vista.

                Karen estava assustada e pensava enquanto corria:

                — Graças a Deus e a natureza estou salva! Mas não posso contar isso a ninguém. Prometi a meus pais manter meus dons em segredo. Eles ficarão muito preocupados se eu disser algo.

                Alguém havia avisado a polícia dos gritos no bosque que logo chega e prende o bandido que estava em estado de choque. Havia alguém observando tudo em um galho bem alto. Era a mesma pessoa que havia sido responsável pelo incêndio no armazém.

                Luke volta pensativo para casa. Ele não entende o que estava acontecendo e por que Karen estaria fugindo daquele lugar. Algumas horas depois e Karen ainda estava um pouco apreensiva em casa. Ela sabia que dizer coisas a respeito do que ocorreu assustaria os seus pais, por isso preferiu manter o que houve em segredo. De repente alguém batia na porta. Era a mãe dela. Karen então diz que ela poderia entrar.

— Filha, eu acabei de ver uma notícia no jornal e vim aqui te avisar pra tomar muito cuidado.
— O que houve? — pergunta Karen assustada imaginando se tinha algo a ver com ela.
— Disseram que um cara muito perigoso foi preso naquele bosque, perto daqui de casa.
– O bandido! Será que alguém me viu? – imagina Karen, assustada.
— Disseram que o encontraram preso em cipós dentro da floresta. Tome muito cuidado quando estiver andando sozinha filha e evite passear por aquele bosque a partir de agora. E não se esqueça de contar pra mim e seu pai se algo acontecer com você, certo?
— Obrigada por me avisar e por se preocupar comigo — diz isso e abraça a sua mãe.

Karen tentava esconder sua apreensão e ainda se sentia mal por não contar nada aos seus pais. O que poderia acontecer em sua vida de agora em diante?

Próximo: Capítulo 6 – Stephanie Ferrer





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