No
dia seguinte, Luke havia ido à escola normalmente. Ele estava perfeitamente
bem, melhor até que Fernando e Diego que estavam um pouco machucados Os três se
encontram no corredor e conversam.
— O que você disse à sua mãe? — perguntou
Fernando a Luke.
— Eu apenas disse que vi um
incêndio em um armazém na cidade. Como entrei rápido em casa e fui direto pro
banheiro, acho que ela nem notou — responde Luke.
— Ainda estou surpreso como você
conseguiu sair daquele armazém. Como você fez isso, cara? E ainda parece muito
melhor que nós dois — perguntou Diego.
— Bem, acho que aquela não era a
minha hora de partir. Eu me esforcei pra sair de lá e consegui. Quem sabe
forças divinas me ajudaram — responde Luke.
Nesse momento Fred aparece e
passa por eles. Eles apenas se encaram e milagrosamente não “trocam farpas”
como de costume. Luke se aproxima de Fred, o segura pela camiseta e o joga
contra a parede.
— Escute aqui. Nós não iremos
contar nada a ninguém então é melhor você parar com essas suas gracinhas. De
agora em diante não quero te ver mais no meu caminho ou irá se ver comigo!.
— Você só pode ser um ser
anormal! Não quero mais me meter com vocês! Agora me solte seu idiota! —
resmunga Fred.
Fred é solto e então segue o
caminho para sua sala. Luke fica meio pensativo por ser chamado de “ser
anormal”. Seria ele mesmo isso?
Fernando e Diego conversam um
pouco mais com Luke e depois se despedem dele. Logo após, Karen aparece. Ela
estava envergonhada pelo dia anterior e os acontecimentos na livraria. Os dois
acabam parando um na frente do outro e permanecem em silêncio. Eles tentam
começar a dizer algo ao mesmo tempo, porém ele deixa que ela fale:
— Me desculpe por ser tão
desastrada depois ter saído correndo ontem, mas eu estava muito envergonhada
— Sem problemas. Aliás, eu
queria até ter te perguntado. Qual o seu nome?
— Karen, Karen Matos. E o seu?
— Luke! Prazer em conhecê-la!
Fernando e Diego voltam
novamente e então Karen diz:
— Bem, eu vou para a sala. Se me
derem licença.
Karen entra e Luke a observa.
Fernando dá um cutucão em Diego e os dois começam a rir. Luke olha para eles
sem entender.
— Você está caidinho pela
novata, então? — pergunta Diego.
— Claro que não. Ela nem faz o
meu tipo e, aliás, não sou de ficar preso a uma mulher só, vocês já me conhecem
— responde Luke.
— Já te conhecemos há muito
tempo. Aquela garota me parece muito tímida e séria. Você gosta de mulheres
mais soltas não é? — pergunta Fernando.
— Acho que sim. E ela me pareceu
bem simpática e frágil... Seria sacana da minha parte apenas usá-la — responde
Luke sorrindo, mas no fundo ele ainda estava meio pensativo.
Depois do almoço, Karen estava
sozinha e decide passear pela escola. Ela ainda não tinha conversado com muitas
pessoas, pois era muito tímida e dificilmente tomava iniciativa pra alguma
coisa. Karen morava com os pais e era
uma boa filha. Seus pais eram donos de uma cafeteria em que ela os ajudava nas
férias e quando podia. Ela sempre foi muito dedicada aos estudos e uma das
melhores alunas da sala e havia sofrido na sua escola anterior por causa disso.
As pessoas se aproveitavam para copiar suas tarefas, e empurravam todo trabalho
para ela em atividades de grupo. No fundo ela nunca teve amizades verdadeiras e
era um pouco solitária. Ela não costumava se arrumar demasiadamente e usava
óculos. Observando melhor, ela parecia ter um rosto e corpo muito bonito, mas
não costumava usar roupas que chamassem atenção e nem dava muita importância
pra isso. Ela estava acostumada com a solidão e sabia o quão triste ela era.
Karen andava pelos jardins da
escola e observava as plantas e flores. Ela adorava a natureza e desde pequena sentia
uma forte ligação. Em suas memórias, ela lembra que conseguia fazer uma planta
brotar rapidamente. Sua mãe ficava impressionada com o dom que a filha tinha.
Já seu pai, nem tanto, mas dizia pra ela não contar a ninguém que podia fazer
aquilo e que era melhor ser um segredo entre eles.
Em uma parte do jardim ela vê
uma planta seca. Karen decide pegar um pouco de água e regá-la. Ela então olha
para os lados para ver se havia alguém por perto e então coloca as suas mãos
sobre a planta. De forma incrível e em poucos segundos a planta volta a ficar
verde e estava mais viva do que nunca. Esse era um dom especial que ela tinha e
tinha orgulho disso. Enquanto isso, Stephanie passava ali com seu grupo. Karen
sai distraída e acaba indo na direção de Stephanie e consequentemente, topa
nela.
— O que está fazendo aqui? –
pergunta Stephanie.
— Desculpe por esbarrar em você.
Estava apenas observando o lindo jardim da escola.
— Querida, não vejo nada de
errado ficar observando o lindo jardim da escola, mas você deveria prestar mais
atenção pra não ficar esbarrando nos outros.
— Desculpe-me e com licença.
As outras garotas começam a rir
de Karen e comentam a respeito do comportamento dela. Stephanie diz a elas para
deixarem a ‘estranha novata’ de lado que era melhor. Logo após o fim da aula,
Karen andava com tristeza estampada em seu rosto. Ela continuava sozinha e se
perguntava se não seria melhor se conformar com sua situação. Uma garota escuta
a voz dela e a observa. Como estava muito distraída, Karen nem nota a presença
de outra pessoa.
Luke estava conversando com alguns garotos em frente ao
portão. Karen fica meio receosa ao passar. Ele para de conversar e a observa. Os
dois se olham fixamente e Karen fica muito envergonhada, logo desviando o olhar
e indo embora. Os outros garotos começam a comentar sobre ela.
– Essa novata nem é tão atraente. Vejam só a forma como ela
anda. Uma mulher precisa parecer um pouco mais ousada.
– Ela é muito sem graça. Sem dúvida, a garota mais bonita
da nossa classe é a Stephanie.
Luke não estava achando aquele tipo de comentário algo
muito agradável pela primeira vez, porém não diz nada. Karen havia escutado o que
os garotos haviam dito. Ela não se contém e lágrimas escorrem pelo seu rosto. A
garota começa a andar mais depressa e corre para dentro de um bosque. Ali
dentro ninguém poderia vê-la chorando. Ela corre desesperadamente enquanto
questionava o motivo de não conseguir fazer sequer uma amizade e ser taxada de ‘sem
graça’ pelos outros. Ela não conseguia mudar, pois sentia que estava indo
contra si mesmo. Ela se senta encostada
em uma árvore e chora ao se sentir sozinha. De repente, ela escuta um barulho.
Tinha alguém ali! Ela então se esconde atrás de um arbusto. Ela vê um homem se
aproximar. Ele começa a cavar um buraco no chão e dentro dele retirava algumas
coisas. Ela percebe que aquilo poderia ser perigoso e tenta sair dali sem ser
percebida, mas acaba tropeçando em uma pedra sem querer. O homem escuta e
descobre que Karen estava ali. Ela olha assustada para o homem e fica sem
reação. Ele então pergunta com um ar nada agradável:
— O que pensa que está fazendo aqui?
Próximo: Capítulo 5 – O chamado da natureza
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