Luke passou todas as aulas após o almoço pensando no acerto
de contas com Fred. Ele sabia que não podia deixar que ele vencesse ou estaria
jogando a sua reputação no lixo. Depois que as aulas acabaram, dois garotos
foram falar com Luke. Um deles era Diego, o capitão do time de futebol da
escola e o outro era seu amigo de infância chamado Fernando, um dos membros do
seu “grupo”.
— Luke, eu e o Diego iremos te
ajudar nessa. Eu só vou precisar passar em casa rápido antes de ir até lá.
— Beleza! Eu preciso dar uma
volta na cidade antes pra me preparar, então depois encontro vocês na frente do
armazém — responde Luke.
Então Luke sai da sala e anda
pelos corredores da escola. Ele decide trocar de roupa, pois não seria nada bom
se ele fosse visto com o uniforme da escola. Como não havia levado roupa
alguma, ele apenas desabotoa a camisa da escola e a retira já que ele já usava
uma camiseta comum por baixo.
Enquanto caminhava, Luke se
lembra da sua última briga com Fred. Ele estava em uma festa junto com uma
garota e seus amigos. Fred aparece furioso e dizia que ele havia visto aquela
garota e pedido pra que ela ‘ficasse’ com ele. Ela diz que não gostou dele e
preferiu Luke. Todos começam a rir e Fred realmente fica irritado. Luke diz:
— O que posso fazer se você é
inferior a mim em vários quesitos, principalmente em conquistar o coração das
garotas.
— Cale-se! Você não é melhor do
que eu! Apenas teve sorte como sempre! — gritava Fred.
Luke não gosta do que houve e se
levanta. Ele e Fred trocam socos e chutes. Luke se defende e dá um soco na
barriga de Fred. Quando eles iam retomar a briga, alguns outros garotos seguram
ambos.
— Me soltem! — dizia Fred — Eu não vou brigar mais com você hoje! Mas
isso ainda vai ter volta, aguarde! — após dizer isso sai furioso.
— Bem, se isso é estar na
pior... O que é estar na melhor então minha gente? — debocha Luke — Vamos
voltar à festa e esquecer aquele babaca.
Luke imaginava que não fazia
aquilo por mal, pois Fred sempre implicara com ele desde muito tempo. Todos da
escola temiam Luke por ele nunca levar desaforo de ninguém pra casa e sempre
resolver o problema com uma briga se fosse necessário. Esse talvez fosse um dos
maiores defeitos dele: Não saber se controlar ao ouvir coisas que o desagradava.
No fundo ele tinha uma relação
boa com a maioria das pessoas, morava com sua mãe e sua irmã mais nova. O seu
pai tinha envolvimento com uma máfia e desapareceu após supostos atentados de
outra máfia rival. Luke não entende como sua mãe se apaixonou por ele, mas no
fundo gostava de seu pai e sempre teve respeito por ele. A verdade era que Luke
era igual ao seu pai quando jovem. A sua mãe tinha medo de que ele também
pudesse levar o mesmo futuro e sempre o repreendia quanto a essas coisas. Luke
então pensa:
— O que estou fazendo? Será que
eu devo mesmo continuar assim?
Ele passa em frente a uma
livraria. Havia um anúncio enorme de um novo livro e isso o chamou atenção. O
nome dele era ‘’Elemento: A Gênese‘’.
— Não entendo o que esse livro possa ter que me interessa,
mas está me trazendo alguma lembrança. Algo que sempre esteve na minha
mente. Mas que porcaria deve ser essa?
Vou aproveitar que tenho tempo e tentar entender de uma vez por todas o que é
isso.
Ele entra na livraria e decide procurar pelo tal livro nas
estantes. Ao encontrá-lo e abri-lo, ele lê algumas palavras.
— ‘É da explosão que os elementos se dispersam. A gênese da
vida toma um novo rumo. ’ Preciso folhear mais um pouco. Acho que encontrei uma
parte que me interessa. ‘ O fogo foi à maior conquista do ser humano na
história... Liberando calor e luz... O ser humano deveria libertar o calor que
existe dentro de si, como o fogo faz... ’
Luke não termina de ler a frase e algo vem à sua cabeça.
Parecia um sonho ou memórias de sua infância.
“Uma grande explosão acontece. Ponteiros em um relógio
giravam sem parar. Luke brincava dentro do escritório do seu pai e sente um
calor sair de dentro dele. Vários objetos começam a pegar fogo. O pai dele se
desespera ao saber que o filho estava lá dentro e corre para salvá-lo. Luke
estava desmaiado. No hospital ele se lembra de perguntar ao pai o que havia
acontecido e ele respondeu que Luke era uma criança diferente, mas o que
importava era que ele estava vivo. As coisas iam se distorcendo aos poucos...“
Ao
se lembrar disso, Luke fala em um tom de voz alto:
— Então era isso! Eu consegui me
lembrar!
Uma garota que havia subido em
uma escada para alcançar um livro que estava na parte mais alta se assusta com
o grito dele e perde o equilíbrio. Ela não consegue se manter de pé na escada e
cai por cima de Luke.
— Mil desculpas! Eu sou mesmo
tão desastrada — dizia ela.
— Sem problemas, até porque a
culpa foi minha de ter gritado e...
Era Karen. Ambos se olham e um
silêncio repentino toma conta do lugar. Karen estava muito envergonhada, então
pede licença e se retira dali o mais rápido que pode. Luke ia pedir a ela para
esperar, mas estava com vergonha também. Ele pega o livro e se dirige ao caixa,
mas lembra que vai para um “acerto de contas”. Não seria nada legal para a
imagem dele aparecer com um livro e por isso ele o colocou de volta na
prateleira e saiu. Enquanto caminhava, ele pensava:
— Nossa! Várias coisas estão se
juntando na minha cabeça agora. Será que eu fui mesmo o responsável por aquele
incêndio? Mas como? E aquela garota? Ela nem me disse o nome. Ela não é aquela
novata da escola?— ele sente-se envergonhado — Deixa pra lá! Olhe quanto tempo
perdi! Preciso encontrar a galera perto do armazém abandonado agora!
Luke então chega ao local combinado e encontra Fernando e
Diego que já o esperavam.
— Demorou pra colocar a maquiagem é? — perguntou Fernando
em tom de brincadeira.
— Não foi isso, sua marica. Eu
até cheguei cedo, só que dei uma passada no centro da cidade e acabei me
enrolando pra chegar até aqui — disse Luke.
— O que importa é que você está
aqui, cara. O grupo do Fred vai chegar aqui daqui a pouco — diz Diego.
— Eu acho que já está mais do
que na hora de resolvermos tudo. Algo me diz que eles não virão aqui como das
outras vezes. Dessa vez o negócio foi bem mais sério e o Fred ficou com muita
raiva de mim porque aquela garota que ele pensava que ‘dava bola’ pra ele,
estava totalmente ‘ligada em mim’ — diz Luke.
— Mas nós sabemos muito bem que
ele sempre teve raiva de você desde o fundamental. Tudo que você fazia o
incomodava. Acho que o cara sempre morreu de inveja da sua popularidade — diz
Diego.
Os três escutam um som estranho
vindo do armazém e num ato impensado, decidem entrar. Eles caminham em silêncio
naquele local que estava um pouco escuro e deserto. Apenas algumas fissuras nas
paredes e nas janelas (que estavam cobertas por pedaços de madeira) permitiam
que um pouco de luz entrasse. Luke sente uma forte pancada na cabeça e de
repente tudo fica completamente escuro. Ao acordar ele percebe que estava
amarrado e seus amigos também.
Próximo: Capítulo 3 – O renascer das chamas
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