sábado, 24 de março de 2012

Capítulo 2 - Luke Carvalho



           Luke passou todas as aulas após o almoço pensando no acerto de contas com Fred. Ele sabia que não podia deixar que ele vencesse ou estaria jogando a sua reputação no lixo. Depois que as aulas acabaram, dois garotos foram falar com Luke. Um deles era Diego, o capitão do time de futebol da escola e o outro era seu amigo de infância chamado Fernando, um dos membros do seu “grupo”.


                — Luke, eu e o Diego iremos te ajudar nessa. Eu só vou precisar passar em casa rápido antes de ir até lá.
                — Beleza! Eu preciso dar uma volta na cidade antes pra me preparar, então depois encontro vocês na frente do armazém — responde Luke.
                Então Luke sai da sala e anda pelos corredores da escola. Ele decide trocar de roupa, pois não seria nada bom se ele fosse visto com o uniforme da escola. Como não havia levado roupa alguma, ele apenas desabotoa a camisa da escola e a retira já que ele já usava uma camiseta comum por baixo.
                Enquanto caminhava, Luke se lembra da sua última briga com Fred. Ele estava em uma festa junto com uma garota e seus amigos. Fred aparece furioso e dizia que ele havia visto aquela garota e pedido pra que ela ‘ficasse’ com ele. Ela diz que não gostou dele e preferiu Luke. Todos começam a rir e Fred realmente fica irritado. Luke diz:
                — O que posso fazer se você é inferior a mim em vários quesitos, principalmente em conquistar o coração das garotas.
                — Cale-se! Você não é melhor do que eu! Apenas teve sorte como sempre! — gritava Fred.
                Luke não gosta do que houve e se levanta. Ele e Fred trocam socos e chutes. Luke se defende e dá um soco na barriga de Fred. Quando eles iam retomar a briga, alguns outros garotos seguram ambos.
                — Me soltem! — dizia Fred —  Eu não vou brigar mais com você hoje! Mas isso ainda vai ter volta, aguarde! — após dizer isso sai furioso.
                — Bem, se isso é estar na pior... O que é estar na melhor então minha gente? — debocha Luke — Vamos voltar à festa e esquecer aquele babaca.
                Luke imaginava que não fazia aquilo por mal, pois Fred sempre implicara com ele desde muito tempo. Todos da escola temiam Luke por ele nunca levar desaforo de ninguém pra casa e sempre resolver o problema com uma briga se fosse necessário. Esse talvez fosse um dos maiores defeitos dele: Não saber se controlar ao ouvir coisas que o desagradava.
                No fundo ele tinha uma relação boa com a maioria das pessoas, morava com sua mãe e sua irmã mais nova. O seu pai tinha envolvimento com uma máfia e desapareceu após supostos atentados de outra máfia rival. Luke não entende como sua mãe se apaixonou por ele, mas no fundo gostava de seu pai e sempre teve respeito por ele. A verdade era que Luke era igual ao seu pai quando jovem. A sua mãe tinha medo de que ele também pudesse levar o mesmo futuro e sempre o repreendia quanto a essas coisas. Luke então pensa:
                — O que estou fazendo? Será que eu devo mesmo continuar assim?
                Ele passa em frente a uma livraria. Havia um anúncio enorme de um novo livro e isso o chamou atenção. O nome dele era ‘’Elemento: A Gênese‘’.
— Não entendo o que esse livro possa ter que me interessa, mas está me trazendo alguma lembrança. Algo que sempre esteve na minha mente.  Mas que porcaria deve ser essa? Vou aproveitar que tenho tempo e tentar entender de uma vez por todas o que é isso.
Ele entra na livraria e decide procurar pelo tal livro nas estantes. Ao encontrá-lo e abri-lo, ele lê algumas palavras.
— ‘É da explosão que os elementos se dispersam. A gênese da vida toma um novo rumo. ’ Preciso folhear mais um pouco. Acho que encontrei uma parte que me interessa. ‘ O fogo foi à maior conquista do ser humano na história... Liberando calor e luz... O ser humano deveria libertar o calor que existe dentro de si, como o fogo faz... ’ 
Luke não termina de ler a frase e algo vem à sua cabeça. Parecia um sonho ou memórias de sua infância.

“Uma grande explosão acontece. Ponteiros em um relógio giravam sem parar. Luke brincava dentro do escritório do seu pai e sente um calor sair de dentro dele. Vários objetos começam a pegar fogo. O pai dele se desespera ao saber que o filho estava lá dentro e corre para salvá-lo. Luke estava desmaiado. No hospital ele se lembra de perguntar ao pai o que havia acontecido e ele respondeu que Luke era uma criança diferente, mas o que importava era que ele estava vivo. As coisas iam se distorcendo aos poucos...“

                Ao se lembrar disso, Luke fala em um tom de voz alto:
                — Então era isso! Eu consegui me lembrar!
                Uma garota que havia subido em uma escada para alcançar um livro que estava na parte mais alta se assusta com o grito dele e perde o equilíbrio. Ela não consegue se manter de pé na escada e cai por cima de Luke.
                — Mil desculpas! Eu sou mesmo tão desastrada —  dizia ela.
                — Sem problemas, até porque a culpa foi minha de ter gritado e...
                Era Karen. Ambos se olham e um silêncio repentino toma conta do lugar. Karen estava muito envergonhada, então pede licença e se retira dali o mais rápido que pode. Luke ia pedir a ela para esperar, mas estava com vergonha também. Ele pega o livro e se dirige ao caixa, mas lembra que vai para um “acerto de contas”. Não seria nada legal para a imagem dele aparecer com um livro e por isso ele o colocou de volta na prateleira e saiu. Enquanto caminhava, ele pensava:
                — Nossa! Várias coisas estão se juntando na minha cabeça agora. Será que eu fui mesmo o responsável por aquele incêndio? Mas como? E aquela garota? Ela nem me disse o nome. Ela não é aquela novata da escola?— ele sente-se envergonhado — Deixa pra lá! Olhe quanto tempo perdi! Preciso encontrar a galera perto do armazém abandonado agora!
Luke então chega ao local combinado e encontra Fernando e Diego que já o esperavam.
— Demorou pra colocar a maquiagem é? — perguntou Fernando em tom de brincadeira.
                — Não foi isso, sua marica. Eu até cheguei cedo, só que dei uma passada no centro da cidade e acabei me enrolando pra chegar até aqui — disse Luke.
                — O que importa é que você está aqui, cara. O grupo do Fred vai chegar aqui daqui a pouco — diz Diego.
                — Eu acho que já está mais do que na hora de resolvermos tudo. Algo me diz que eles não virão aqui como das outras vezes. Dessa vez o negócio foi bem mais sério e o Fred ficou com muita raiva de mim porque aquela garota que ele pensava que ‘dava bola’ pra ele, estava totalmente ‘ligada em mim’ — diz Luke.
                — Mas nós sabemos muito bem que ele sempre teve raiva de você desde o fundamental. Tudo que você fazia o incomodava. Acho que o cara sempre morreu de inveja da sua popularidade — diz Diego.
                Os três escutam um som estranho vindo do armazém e num ato impensado, decidem entrar. Eles caminham em silêncio naquele local que estava um pouco escuro e deserto. Apenas algumas fissuras nas paredes e nas janelas (que estavam cobertas por pedaços de madeira) permitiam que um pouco de luz entrasse. Luke sente uma forte pancada na cabeça e de repente tudo fica completamente escuro. Ao acordar ele percebe que estava amarrado e seus amigos também.

Próximo: Capítulo 3 – O renascer das chamas

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